Uma história real, baseada em acontecimentos reais nunca explicados.
Estava eu em amena cavaqueira, com uma parceira de aliança acerca de uma conquista para o final do dia e outro jogador do meu oceano. De repente, o homem de serviço na torre de vigia dá o alarme. Um ataque se avizinha no horizonte, o velho sábio dizia da sua experiência que iria chegar pela noite dentro, na hora em que as sereias sobem das profundezas, para desgraça dos marinheiros mais desafortunados.
A cautela sempre foi boa conselheira e Zeus não concede benção aos tolos.
Que significava aquele ataque, naquela hora... Prenúncio de uma guerra? Um coordenado relâmpago? Ou outra coisa qualquer?
Não poderiam ser navios faróis, pois esses são lentos e distinguem-se mesmo na penumbra do horizonte. Os navios lentos de transporte também não eram esperados, pois a sua viagem é longa e pesarenta. Que significava então?
Uma ofensiva de navios birremes, comandados por um capitão embriagado? Transportes rápidos atirados à sua sorte, sem uma escolta ofensiva? Trirremes sem rumo, de um corajoso sem nome? Ou um perigoso enxame de Harpias, camufladas no céu da noite e no engodo naval...
O capitão da guarda, o sábio e o grão-mestre deliberaram a defesa. A noite é território de perigo. A noite é a sombra do próprio Hades, que levará para sempre, as almas mais incautas do seu triste destino.
Por fim, os conselheiros reúnem-se no templo para uma oferenda à esposa daquele que rasga os céus. Um tributo a Hera, para que lance sobre os corações dos infelizes, um sussuro de dúvida. O receio de que aquela noite, não seria noite de glória, mas de fatalidade. Um súbito desejo, de voltar rapidamente a casa, para os braços das suas quentes mulheres e do cheiro das suas casas.
O sussurro de Hera cresceu, tornou-se grito nas próprias ondas que beijavam o casco dos frágeis navios. Estavam a chegar, ouviam-se sinos e cacofonia a pouca distância. Viam-se luzes e ouviam-se brados de homens de voz grossa. Os soldados mais desgraçados olharam ainda para trás, na direcção das suas casas. Mas só distinguiram a noite. A sombra de Hades. Agora sabiam que não voltariam a casa.
Ao raiar da manhã, os pescadores que viajavam ao largo só viram destroços a descansar na corrente com serenidade. Não havia sinal, nem de vida, nem de morte. Como se nunca ali tivessem aparecido gentes. Esquecidos. Levados para um tal abismo, que nem dos seus nomes havia memória.